No Brasil, a indústria do gesso está destruindo um bioma precioso do nosso país: a Caatinga. A produção depende da queima de madeira, e as empresas estão desmatando cada vez mais, indo cada vez mais longe em busca de lenha. As consequências podem ser irreversíveis e ameaçam transformar o sertão pernambucano em um deserto.
O desmatamento e a falta de energias alternativas podem levar ao colapso da maior região produtora de gesso no país. Milhares de toras de madeira alimentam os fornos do polo gesseiro de Pernambuco – o maior do país, a 700 km do Recife. De lá saem 97% da gipsita do Brasil. É a quarta maior reserva do mundo.
Dia e noite, sete dias por semana: 20 mil pessoas dependem direta ou indiretamente do que é produzido pelas 500 mineradoras, calcinadoras, fábricas de pré-moldados. Desde a década de 1960 que a Caatinga está virando carvão. Mas, agora, a natureza parece estar no limite. E as indústrias do gesso se tornaram vítimas do desmatamento que causaram. Com a escassez de árvores, a lenha está vindo cada vez mais de longe.
Devastação na Caatinga
A apreensão de lenha sem comprovação da origem aumentou em 500% em 2023.
O engenheiro florestal Ivan Ighour estudou a devastação na Caatinga no polo gesseiro. Ele comparou imagens de satélites ao longo de dez anos na região.
“A informação que a gente tem com esse estudo é que ao longo do ano se extrai 11 mil campos de futebol aqui da região do Araripe, de forma legal e ilegal.”
diz Ivan Ighour Silva Sá.
A vegetação da Caatinga não existe em nenhum outro lugar do mundo. É um bioma que só o Brasil tem. E nem assim ele conseguiu escapar do desmatamento. A natureza paga um preço alto por esta destruição. Com a terra mais seca, sem a cobertura vegetal, o processo de desertificação se agrava.
Segundo levantamento do MapBiomas, restam pouco mais de 57% da vegetação nativa da Caatinga no Nordeste.
Texto retirado e adaptado originalmente de G1 / Fantástico